Como sair das dívidas e fazer de 2015 o ano da educação financeira

Reinaldo Domingos*

Segundo a Boa Vista Serviços – empresa que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) –, a inadimplência aumentou 2,13% em 2014 (comparado ao ano anterior) e a expectativa para 2015 também é de alta de 3%. Se cresce a falta de pagamento dos compromissos financeiros, é sinal de que está faltando educação financeira.

A parcela da população que compõe esses índices precisa encarar a realidade e buscar resolvê-la da melhor maneira possível. O momento é de cautela; é preciso saber exatamente onde está o problema, qual o tamanho da dívida e quanto poderá guardar por mês para quitá-las sem que acabe tendo que fazer outra dívida, comprometendo seriamente o orçamento e a vida financeira.

Sabemos que os juros dos bancos realmente são exorbitantes, mas, para que as coisas mudem, é preciso mudar também o comportamento, não se pode agir da mesma maneira. Por isso, é hora de parar de ficar procurando culpados, colocando a responsabilidade nas instituições financeiras, no governo ou no sistema. Tenha o controle das rédeas das suas finanças e mude os hábitos em relação à utilização e administração do dinheiro, buscando educar-se financeiramente.

Para isso, há diversos cursos, palestras e livros disponíveis no mercado que auxiliam nesse processo de maneira descomplicada e eficaz. Isso fará com que as pessoas sejam mais conscientes e sustentáveis no uso dos recursos financeiros, não precisando dar cheques sem fundo, utilizar o limite do cheque especial, pegar empréstimos ou ficar sem honrar com os seus compromissos.

Sendo assim, elaborei algumas orientações básicas para quem está nessa situação e quer sair ou mesmo para quem não quer nem entrar nela:

Perguntas que o consumidor deve se fazer antes de qualquer compra

• Eu realmente preciso desse produto?
• O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?
• Se eu não comprar isso hoje, o que acontecerá?
• Estou comprando por necessidade real ou movido por outro sentimento, como carência ou baixa autoestima?
• Estou comprando por mim ou influenciado por outra pessoa ou por propaganda sedutora?

Se mesmo diante deste questionamento, a pessoa concluir que realmente precisa comprar o produto, seria prudente fazer mais algumas perguntas como:

• De quanto eu disponho efetivamente para gastar?
• Tenho o dinheiro para comprar à vista?
• Precisarei comprar a prazo e pagar juros?
• Tenho o valor referente a uma parcela, mas o terei daqui a três, seis ou doze meses?
• Preciso do modelo mais sofisticado, ou um básico, mais em conta, atenderia perfeitamente à minha necessidade?

Para quem já está endividado, os seguintes passos são essenciais:
• Colocar na ponta do lápis todas as dívidas que possuir;
• Fazer um diagnóstico financeiro, ou seja, saber exatamente quais são os ganhos e gastos mensais;
• Relacionar, no mínimo, três sonhos: um de curto (até um ano), um de médio (de um a dez anos) e outro de longo (acima de dez anos) prazo, sendo que um deles deve ser

o de sair das dívidas;
• Com os números em mãos, saber quanto poderá poupar por mês para realizar o sonho de sair das dívidas sem que tenha que fazer outra dívida;
• Aplicar esse dinheiro em um investimento que seja coerente ao tipo de objetivo (prazo) e ao perfil do investidor. É importante consultar um especialista;
• Ter em mente que só se deve pagar uma dívida quando se tem condições de fazer isso, ou seja, após se planejar, pois um passo precipitado pode até piorar a situação.

Portanto, só se deve procurar um credor, quando já souber quanto terá disponível mensalmente para pagar e, então, poder negociar.

* Reinaldo Domingos é educador e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira, Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.



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