Mulheres sonham em se aposentar aos 58 anos no Brasil

Caio Prates e Thaís Restom, do Portal Previdência Total

As brasileiras sonham em se aposentar com 58 anos. Essa foi a revelação da pesquisa internacional da Mongeral Aegon Investimentos que entrevistou 16 mil pessoas em 15 países, sendo mil delas no Brasil. Em relação à média global, que é de 62 anos, a mulher brasileira quer se aposentar quatro anos mais cedo.

De acordo com o estudo, em todo mundo, as mulheres possuem expectativas diferentes em relação à idade para a aposentadoria.  As brasileiras estão entre as que pretendem se aposentar mais cedo, com 58 anos, atrás da Turquia, 55 anos e China, 53 anos. Nos Estados Unidos, essa expectativa sobe para 66 anos. Já as japonesas esperam se aposentar aos 61 anos. Essas variações têm o reflexo direto com a política previdenciária de cada país.

As diferenças entre os países também surgem quando o tema é a renda necessária para se sustentar na aposentadoria em relação aos ganhos na ativa. O Brasil se aproxima das expectativas da Europa Oriental: na Hungria as mulheres acreditam que é necessário ganhar 86% do salário atual; na Polônia este índice cai para 81%, enquanto por aqui as brasileiras acreditam que precisariam ganhar na aposentadoria 77% do que ganham na vida ativa.

Esse desejo cai em países de renda alta e industrializados, como Estados Unidos e Canadá, para 67% e 66%, respectivamente. A surpresa sobre essa expectativa vem de países emergentes como Turquia e China, que esperam precisar de menor percentual da renda atual em relação aos demais, em média 59% e 60%, respectivamente.

Outro ponto relevante do estudo é que as mulheres de todo mundo estão se preocupando em se planejar para a aposentadoria. Porém, segundo a Mongeral Aegon, apenas 10% delas se dizem muito bem preparadas, contra 23%, ou seja, mais do que o dobro, que se sentem muito despreparadas. Em relação aos obstáculos, a falta de dinheiro foi apontada como o principal empecilho para planejar a aposentadoria, na opinião de 67% das entrevistadas. Diante deste cenário, globalmente, 49% das mulheres não estão confiantes de que serão capazes de manter um nível de vida confortável ao se aposentar.

“As mulheres precisam ser incentivadas a planejar a sua independência financeira na aposentadoria desde jovens, rompendo com a tradição de depender de terceiros, como Governo, empregadores e familiares. Elas têm uma realidade diferente no mercado de trabalho hoje, de acordo com os papéis que assumiram na sociedade, mas esse protagonismo também deve ser exercido quando o que está em questão é a independência financeira”, comenta Andrea Levy, assessor especial da Mongeral Aegon e estudioso dos impactos da longevidade na previdência.

Dificuldades

O estudo também demonstrou que as mulheres possuem dificuldades para constituir uma poupança suficiente para aposentadoria e para ter acesso aos planos de previdência.

Uma delas é a faixa salarial. O estudo revelou que, em média, elas ganham 27% menos do que os homens, o que reduz a possibilidade de poupar.  A diferença salarial está ligada diretamente aos cargos ocupados pelas mulheres: apenas 34% das pesquisadas estão em funções de nível superior, que proporcionam maior renda.

A outra característica é o trabalho em tempo parcial. Pela necessidade de se dedicar a filhos e idosos, muitas mulheres trabalham meio período, o que dificulta ou inviabiliza o acesso aos planos das empresas onde trabalham.

Porém, na visão de Soraia Fidalgo, gerente de inteligência e gestão de negócios da Brasilprev, este cenário está se alterando. "As mulheres ainda não ultrapassaram os homens em nossa carteira de clientes. Mas, quando observamos a quantidade de novos consumidores contratando os planos de previdência privada, a mulher já representa atualmente 48% da base. É uma tendência muito forte. A mulher de fato vem adquirindo mais a cultura previdenciária", afirma.

De acordo com a especialista, esse aumento da procura da mulher pela previdência privada é motivado por uma junção de fatores: ascensão social forte das mulheres da classe C, que leva a uma preocupação maior com o futuro da educação dos filhos, e o aumento do percentual do salário da mulher nos últimos anos.



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