Os bons ventos da recuperação gradual do emprego

 
José Eduardo Gibello Pastore*
 
A taxa de desemprego vem caindo desde janeiro de 2021, quando, em seu pico, era de 14,9%, ainda sob o efeito da pandemia de covid-19, que provocou a dispensa maciça de trabalhadores. Com a reabertura gradativa do comércio, do serviço e do turismo, setores que empregam em grande quantidade, o desemprego começa a cair.
 
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) Contínua pelo IBGE, divulgada em 27/10/2022, o contingente de pessoas ocupadas, efetivamente trabalhando, cresceu 1.0% no trimestre encerrado em setembro.
 
Ao que tudo indica, a tendência de queda do desemprego se manterá nos próximos meses e invadirá 2023. O crescimento da população ocupada, outro dado positivo da pesquisa, está diretamente relacionado com o fim da pandemia e com o reaquecimento da economia, que impulsiona os postos formais de trabalho ou empregos com carteira de trabalho assinada.
 
A pesquisa mostra que o número de empregados no setor público cresceu 2,5% no trimestre e foi recorde: 12,2 milhões de pessoas. Embora também tenham sido atingidos pela crise da covid-19, os funcionários públicos não foram tão castigados quanto os trabalhadores da iniciativa privada, cujos salários e jornada de trabalho foram reduzidos ou perderam seus empregos quando as empresas não resistiram à pandemia. A garantia de estabilidade dos funcionários públicos não os expôs à demissão, como ocorreu com os trabalhadores da inciativa privada.
 
O comércio tem demonstrado ser um forte empregador: permanece sendo uma importante atividade na absorção da mão de obra, pois emprega mais de 19 milhões de pessoas.
Os dados indicam que o emprego formal está aumentando, principalmente no setor de serviços e comércio, tendência que vem se mantendo desde a crise de Covid-19.
 
A Pnad Contínua traz também outra boa notícia: o rendimento do trabalhador cresceu pela primeira vez desde 2020, auge da pandemia. O crescimento do rendimento está diretamente relacionado ao decréscimo constante da inflação. Mantendo-se decrescente, a baixa inflação permitirá ganhos salariais mais robustos, o que, por fim, se reverte para o consumo e aquece a economia.
 
Parece que durante o ano de 2023 se manterá a tendência de queda do desemprego e da inflação e que haverá a recuperação gradual do poder de compra dos salários com o crescimento do emprego formal.
 
* José Eduardo Gibello Pastore é advogado, consultor de relações trabalhistas e sócio do Pastore Advogados


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