Os obstáculos da aposentadoria segundo os brasileiros

 
Uma pesquisa do HSBC mostrou que um quinto dos brasileiros acredita não ter economizado o suficiente para a aposentadoria, mas mesmo assim prefere gastar o dinheiro que sobra em férias do que reforçar o caixa para a época em que não tiverem mais a renda do trabalho.
 
Os brasileiros tendem a dar prioridade às férias, em detrimento da aposentadoria. Se tivessem de escolher apenas uma finalidade para a poupança, 49% escolheriam as férias e 43% reservariam o dinheiro para a aposentadoria.
 
O levantamento “O Futuro da Aposentadoria, uma nova realidade”, feito em todo o mundo, concluiu que 19% dos brasileiros nem se preparam para ter uma renda extra à do INSS, a previdência oficial, que paga, em média, pensões de 803 reais. O relatório Brasil tem como base a opinião de mais de 1 mil entrevistados.
 
“Durante os anos em que fizemos esta pesquisa, conversamos com mais de 125.000 pessoas sobre como elas visualizam a sua aposentadoria: o que planejam e o que desejam para os anos nos quais elas não mais trabalharem. Acreditamos que isto nos dê um insight exclusivo das mudanças nas considerações e prioridades da aposentadoria no mundo”, afirma Alfredo Lalia, CEO do HSBC Seguros.
 
“As conclusões da pesquisa são as reflexões reais das pessoas no Brasil e no mundo e, neste ano, em particular, elas revelaram a conscientização das pessoas sobre o mundo globalmente conectado em que vivemos, e o realismo com que as pessoas enfrentam o futuro com desafios financeiros”, completa o executivo.
 
Segundo o levantamento, apenas 38% dos entrevistados brasileiros são poupadores regulares. Destes, que nunca pouparam para a aposentadoria, mais de dois quintos (42%) estão sendo impedidos pelo custo de vida diário, aumentando para 45% no grupo entre 35 e 54 anos de idade. Entretanto, os entrevistados entendem a importância de se prepararem para a aposentadoria desde cedo: em média, eles veem a idade de 33 anos como a idade limite para o início de um planejamento financeiro a fim de manterem o seu padrão de vida na aposentadoria.
 
O dado que mais chamou a atenção, entre os brasileiros que guardam dinheiro, é que eles poupam metade do que precisam para ter uma aposentadoria confortável. Segundo a pesquisa do HSBC, os entrevistados esperam viver 23 anos após pararem de trabalhar, mas suas economias só vão durar 12 anos.
 
“É um déficit maior do que a média mundial, em que os entrevistados poupam para dez anos de aposentadoria, mas esperam viver 18 anos depois de parar de trabalhar”, avalia
 
Os especialistas em finanças pessoais apontam várias razões para esse déficit maior por aqui. Uma parte desses poupadores começou a guardar dinheiro só aos 40 anos. “O brasileiro começa a poupar muito tarde. Por isso, não consegue acumular o patrimônio necessário para garantir rendimentos expressivos até o final da vida”, afirma o educador financeiro Mauro Calil.
 
Começar a poupar cedo é o mais indicado, mas começar aos 40 anos não é o fim do mundo, dizem os especialistas. A questão é que, quanto menos tempo de acumulação de renda, maior é a necessidade de desembolso mensal. Segundo cálculos do consultor financeiro Miguel Ribeiro de Oliveira, uma pessoa de 20 anos que começa uma previdência privada para ter uma renda complementar de R$ 3 mil, precisa desembolsar R$ 483,61 todo mês. "Já uma pessoa de 40 anos terá que começar com uma contribuição de R$ 2.034,62 para ter a mesma renda, considerando uma rentabilidade constante de 6% ao ano" explica Oliveira.
 


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