Fundos de pensão: desafios para a sobrevivência

Luciano Batista*

A sustentabilidade da indústria de fundos de pensão brasileira é vital para a sua sobrevivência e expansão. Atualmente, são 736 mil assistidos, 2,5 milhões de participantes ativos e quase 4 milhões de dependentes. Isso equivale a 3,5% da população brasileira. São  R$ 700 bilhões em ativos e mais de R$ 31 bilhões pagos em benefícios previdenciários pelo Sistema de Previdência Complementar Fechada Brasileiro.

Há espaço para o sistema manter-se em crescimento, mas, pela natureza da atividade e pelo período de contribuição, é necessário traçar uma estratégia de longo prazo.

É evidente a necessidade de reposição sistêmica, condição essencial para a sobrevivência da previdência complementar. Se nada for feito, neste momento, que estimule a abertura de novos planos e o aumento das adesões, o sistema atingirá em poucos anos o estágio de maturidade, com o fluxo de benefícios pagos superior às novas contribuições, impactando inclusive o ambiente econômico, uma vez que os fundos de pensão são, hoje, os principais formadores de poupança de longo prazo no País.

Um elemento essencial para que isso ocorra é a melhoria da atratividade dos planos pelo aumento da rentabilidade dos investimentos. O caso do Chile é um ótimo exemplo: os fundos de pensão chilenos são geridos por administradores privados, com mandato estabelecido por lei para maximizar a rentabilidade e a segurança das suas aplicações.  Consequentemente, do patrimônio hoje administrado, apenas 30% se referem a contribuições dos participantes, enquanto os 70% restantes representam o retorno dos investimentos realizados.

Especialistas apontam a diversificação e a visão de longo prazo como o caminho, mesmo que isso signifique sair, pelo menos em parte, da zona de conforto da ampla oferta de produtos que oferecem rendimento e liquidez elevados no curto prazo. E também, nesse caso, a experiência chilena é citada como caso de sucesso na melhoria da rentabilidade das carteiras por meio da diversificação. Ao mesmo tempo, avanços regulatórios trazem uma maior flexibilização nas regras de investimento, inclusive no exterior.

Esta maior complexidade dos portfólios demanda novos mecanismos de gestão e controle  dos investimentos e de integração entre gestores, custodiantes, controladores e administradores de recursos de terceiros.  Hoje, a grande maioria das fundações não possui instrumentos adequados de monitoramento e acompanhamento dos investimentos,  contentando-se somente com as informações prestadas pelos bancos custodiantes, muitas das vezes insuficientes para as análises de risco, de performance e de enquadramento às políticas de investimento.

Cada vez mais se torna essencial a contratação de serviços e sistemas especializados de análise e controle de investimentos para ampliar a capacidade de gestão dos planos. A leitura vem principalmente do aumento na complexidade das estratégias de gestão associado à necessidade de maior controle e transparência exigidos pela regulação e a autorregulação. Quanto maior a necessidade de transparência, maior a necessidade de sistemas para isso.

A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Privada (ABRAPP) prepara atualmente o 1º Código de Autorregulação Informações ao Participante, que visa ampliar a transparência do setor, confirmando a tendência de aumento de mecanismos de controle e de governança. A própria indústria está se reinventando e o foco deve ser cada vez mais  o controle dos investimentos,  que terá de ser muito mais apurado.

* Luciano Batista é diretor de software para Controle de Investimentos da Senior Solution, empresa líder no desenvolvimento de softwaresaplicativos para o setor financeiro no Brasil. O executivo é designer de produto com Especialização em Sistemas, Finanças, Inteligência Competitiva e Gestão de Negócios. Possui mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro e passagens por Banco do Brasil, Previ e BB DTVM. Ingressou na Senior Solution em 2013 com a aquisição da Drive e se tornou Diretor da Unidade de Software para Gestão.



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