Previdência aberta pode crescer até 15% em 2015, diz FenaPrevi

A indústria brasileira de fundos abertos de previdência deve fechar 2014 com alta de cerca de 10% na captação de recursos e a expectativa é de desempenho parecido neste ano, segundo Osvaldo Nascimento, presidente da FenaPrevi, que representa o setor. De janeiro a novembro de 2014, as contribuições somaram R$ 72,4 bilhões, alta de 11,1% sobre mesma etapa de 2013. Mantido o ritmo, o crescimento do ano passado terá sido o segundo seguido de expansão menor atividade, após seis anos consecutivos evoluindo entre 15 e 30%.

Segundo o executivo, o desempenho do segmento reflete o ambiente econômico mais adverso, incluindo menor crescimento e mudança nas taxas de juros. "Tem sido um período  desafiador", disse Nascimento em entrevista à Reuters.

Desde abril de 2013, quando o Banco Central começou um ciclo de alta de juros, pressionando a rentabilidade de títulos públicos, principais aplicações dos fundos de previdência, as captações perderam força. Após alta de 31,5% em 2012, o ritmo caiu para 4% no ano seguinte.

Ainda assim, o setor previdenciário tem conseguido um desempenho razoável se comparado mesmo com outros segmentos da indústria financeira. Nesta semana, a Anbima informou que a indústria brasileira de fundos de investimento teve em 2014 resgates líquidos de R$ 1,1 bilhão, o pior resultado do setor em seis anos. "O mercado financeiro é bastante interligado; toda vez que há um cenário adverso ou expectativa de mudanças na gestão da economia, há uma contaminação", disse Nascimento.

Em novembro apenas, os depósitos somaram R$ 5,6 bilhões de reais em novembro, alta de 43,6% ante igual mês de 2013. Os planos individuais tiveram ingresso líquido de R$ 7,4 bilhões, enquanto os empresariais receberam R$ 704,9 milhões. Com isso, a carteira de investimentos do setor fechou o mês com R$ 433,8 bilhões, expansão de 17,9% em 12 meses. Por tipo de produto, a carteira de VGBL subiu 23,5%,  enquanto o PGBL avançou 12,8% e os planos tradicionais ficaram estáveis em R$ 50,8 bilhões.

Para o executivo, 2015 também será um ano difícil, mas os ajustes anunciados pela nova equipe econômica vão gradualmente restaurar a confiança de pessoas e empresas na queda da inflação, o que tende a restaurar o apetite por investimentos de prazos mais longos.

Nesse aspecto, a possível tributação de produtos de prazos menores e alta liquidez, como letras de crédito imobiliário e do agronegócio seria positiva, disse, pois  estimularia uma migração de recursos para o longo prazo. "Abrimos o ano com uma perspectiva melhor. Podemos crescer as captações em até 15 por cento neste ano", acrescentou.

A principal meta da FenaPrevi para este ano é finalmente saia a revisão da resolução 3308, editada em 2005 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Entre outros fatores, o texto trata da análise do perfil de risco de clientes, adequando o investimento individual à volatilidade. A revisão, que já teria aval da Susep, que regula o setor previdenciário, e do Ministério da Fazenda, também daria maior flexibilidade para que os fundos invistam em novas classes de ativos e os limites de alocação dos fundos, o que aproximaria a previdência privada das regras dos fundos de pensão.



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