Gastos de início de ano exigem planejamento

Denis Dana, do Portal Previdência Total

É nos últimos dias de dezembro que as pessoas fazem um balanço do que passaram e traçam metas para o ano que está por vir. Nessa época, um dos desejos mais recorrentes entre os brasileiros é iniciar e viver o novo ano com as contas no azul. Trata-se de uma difícil missão, tendo em vista que os primeiros meses são, justamente, os mais onerosos para o cidadão.

Entre os gastos iniciais, há impostos como o IPVA, para os carros, e IPTU para os imóveis. Há também uma série de reajustes dos mais variados estabelecimentos, como estacionamento, academia, cursos de idiomas, sem contar renovação de seguros, matrículas e a compra de material escolar.

Para que essa enormidade de gastos não inviabilize o cumprimento da meta de muitos brasileiros, especialistas indicam um caminho único e efetivo: o planejamento financeiro.

“A meta de iniciar o ano sem dívidas deve ser planejada no decorrer do mês de dezembro, especialmente para aqueles que recebem o 13º salário. O recebimento desse salário adicional, inclusive, deve constar no orçamento para a quitação das contas tradicionais dos primeiros meses do ano”, afirma o economista Erick Herbert Thau, da Técnica Finance Advisory e da Salix Group.

A especialista em educação e coaching financeira, Karen Calixto, concorda e ressalta que “poupar uma parte do 13º salário com o objetivo de fazer uma reserva e garantir maior fôlego para os primeiros meses do ano é fundamental, o que exige a elaboração de um bom planejamento, a começar pelo estabelecimento de diagnóstico financeiro, de modo que se observe todas as despesas dessa época bem como as receitas”.

Organização

Para organizar melhor o planejamento financeiro familiar, Erick Thau recomenda que “se coloque no papel ou numa planilha no computador a renda familiar total, de um lado e, do outro, as despesas subdivididas em principais de início de ano, principais mensais e despesas supérfluas. Desse modo, fica mais fácil visualizar os gastos da família e planejar o pagamento das contas, de modo que as dívidas não superem o valor dos recebimentos”.

Nesse processo de organização, o consultor de negócios e sócio do SCAI Group, Daniel Schnaider, também avalia como fundamental a priorização dos gastos. “O mundo consumista oferece muitas tentações, um verdadeiro perigo para o endividamento. É preciso lembrar que se deve economizar sempre que possível. O exercício de poupar tem que ser praticado, lembrando que as incertezas do futuro só serão bem administradas com a disponibilização de recursos”.

À vista ou parcelado

Com o conhecimento prévio das dívidas bem como dos valores de rendimentos mensais é possível projetar e definir se o pagamento de cada uma das despesas de início de ano será feito de forma parcelada ou à vista.

Karen Calixto indica que o pagamento à vista pode significar uma boa redução no valor dos gastos dessa época do ano. “Para isso, entretanto, é preciso saber qual é o perfil em que se encontra a pessoa: se está endividada, se é mais equilibrada ou se entra no perfil de investidora, onde também entram as poupadoras”.

Para as famílias que já têm enraizadas a cultura de realizar o planejamento financeiro, os recursos poupados neste ano facilitarão a definição da forma de pagamento das despesas que acompanham a virada do ano.

“Para essas, o ideal é aproveitar a reserva de caixa feita para esse fim e realizar os pagamentos à vista, principalmente os que geram desconto”, afirma Erick Thau.

Aos que não têm o hábito de poupar e elaborar antecipadamente o orçamento doméstico, não há remédio senão controlar com apertar um pouco os cintos nos primeiros meses de 2015. Para quem se encaixa nesse perfil, o economista Alex Antunes, sócio do site Equilibrados, sugere que, de imediato, “separe a verba necessária para cumprir com todos os compromissos obrigatórios do começo de ano. Somente depois disso considere gastos ligados ao lazer e ao lado social, que se intensificam nesse período do ano”.
 
Em caso de não haver dinheiro suficiente para quitação das despesas em sua totalidade, Antunes orienta que os compromissos não sejam liquidados à vista. “Ainda que o pagamento à vista tenha descontos, isso pode implicar em mais descapitalização e levar a dívidas maiores, por exemplo, com a utilização do limite do cheque especial ou do rotativo do cartão de crédito, que possuem os maiores juros dentre as linhas de crédito brasileiras”.
 
Aos que já têm incorporadas a prática do provisionamento e estão com a situação financeira mais confortável, o presidente da Abefin recomenda que aproveitem os descontos oferecidos no pagamento à vista. Mas, faz uma ressalva: “É importante ficar atento aos compromissos futuros. Sem planejamento e sem reserva financeira, muitas pessoas se deixam levar pelo bom desconto e acabam esquecendo que haverá outras contas a serem pagas na sequência. De nada adianta pagar à vista e conseguir desconto em uma despesa e não ter dinheiro suficiente para quitar as demais”, reforça Domingos.
 
Dívidas
 
Num país em que a cultura de planejamento e poupança ainda não é amplamente disseminada, infelizmente, há quem dará boas-vindas ao novo ano sem condições de arcar com todas as despesas peculiares da época. Para essas pessoas, os especialistas também propõem soluções.

“Busque as linhas de atendimento ao cliente dos bancos, das redes varejistas e dos demais credores, exponha seus problemas e peça para renegociar as dívidas. Atualmente, essa é uma opção bem acessível”, orienta Francisco Cintra.
 
O consultor Daniel Schnaider sugere que, paralelamente à renegociação, “reduza drasticamente seus gastos enquanto também tenta vender algo que não lhe seja mais útil. Os novos sites da internet facilitam esse tipo de negociação na busca de recursos para a quitação dos compromissos”.
 
Como alternativa, Cintra também indica a ajuda de um especialista em finanças pessoais. “Geralmente, os custos com honorários desse tipo de profissional são pequenos quando comparados aos benefícios que eles podem gerar. Mais do que ajudar a eliminar as dívidas, ele pode ajudar no equilíbrio e controle dos gastos. Afinal, aproveitando a época de festas, vale lembrar que qualquer tipo de ressaca é ruim, seja ela etílica, moral ou financeira”.



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