Previdência privada: planejamento garante renda extra

Thaís Restom, do Portal Previdência Total

A expectativa de vida dos brasileiros aumentou 17,9% entre 1980 e 2013. O crescimento real foi de 11,2 anos, passando de 62,7 para 73,9 anos. A constatação é do Relatório de Desenvolvimento Humano 2014, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Com a população vivendo mais, a garantia de uma aposentadoria tranquila se torna ainda mais importante. Além da contribuição para o regime público do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a previdência privada é uma opção de investimento capaz de assegurar um padrão de vida digno no futuro.

Sandro Bonfim, superintendente de produtos da Brasilprev, explica que investir em previdência privada é atrativo em longo prazo e por conta da rentabilidade diferenciada diante de outros produtos financeiros. “É importante procurar a orientação de um especialista, que analisará o orçamento, o tempo estimado de investimento e ajudará na definição do melhor tipo de plano”, diz.

Para garantir uma terceira idade mais tranquila, o planejamento financeiro é primordial. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, o benefício recebido do INSS “é de extrema importância, além de ser um direito do trabalhador. Mas não ter outra fonte de renda, como uma previdência privada, é muito arriscado, porque os valores recebidos da Previdência Social não são nada atraentes. Em geral, o brasileiro não tem a cultura de pensar em longo prazo e não se planeja para a aposentadoria. Isso é reflexo da falta de educação financeira”, observa.

O presidente da Abefin orienta a pensar na aposentadoria logo nos primeiros anos de trabalho. “Dos primeiros salários já deve ser separada uma quantia para investir em previdência privada. O FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – é importante, mas apenas com ele não é possível parar de trabalhar com tranquilidade e manter o padrão de vida”, afirma.

Simulações

A equipe do Portal Previdência Total realizou algumas simulações com a ajuda de instituições financeiras sobre os benefícios estimados por mês – e até o fim da vida –, para homens e mulheres que desejam começar um investimento em previdência privada. O levantamento foi realizado considerando a modalidade VGBL, que registrou a expansão no mercado de previdência privada mais significativa no último ano, segundo levantamento da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

As simulações consideraram o início do investimento por diferentes faixas etárias e aportes mensais. O momento de saída do plano foi estipulado aos 60 anos, para as mulheres, e 65 anos no caso dos homens, de maneira a comparar o ganho de um plano privado de previdência e a renda de uma aposentadoria obtida pelo INSS.

De acordo com Evely Silveira, gerente comercial da Porto Seguro Previdência, o valor mínimo inicial de aplicação mensal nos planos da seguradora é de R$ 100,00. “Geralmente, os jovens, de 20 a 30 anos, gostam de arriscar mais, com aporte em fundos multimercados. A partir dos 40 anos, as pessoas ficam mais conservadoras”, explica.

Na simulação feita com dados da Porto Seguro, uma mulher de 20 anos que deseja começar a investir, por exemplo, R$ 200,00 por mês, e parar de contribuir aos 60 anos, tem a possibilidade de conquistar uma renda mensal vitalícia de R$ 1.093,61. A reserva total acumulada seria de R$ 381.535,55.

No caso do homem que iniciar o aporte do mesmo valor (R$ 200,00) aos 20 anos e deixar de pagar o plano aos 65 anos, o benefício estimado é de R$ 2.046,01 por mês, e um acúmulo total de R$ 524.477,79.

Em ambos os casos, a reserva calculada na aposentadoria, assim como o valor da renda mensal, foram medidas com base em uma rentabilidade real de 6% ao ano. Estes valores são apenas uma estimativa; a seguradora não poder garanti-los por conta das flutuações de mercado.

No simulador da Brasilprev, uma mulher que começar a investir em um plano privado de previdência aos 40 anos (e parar aos 60), com um aporte mensal de R$ 300,00, alcançará um valor total acumulado de R$ 158.840,72 e uma renda vitalícia por mês de R$ 732,03.

Já para um homem de 50 anos, que iniciar um investimento de R$ 500,00 até completar 65 anos, a renda mensal vitalícia chega a R$ 908,65 e a reserva total do plano pode alcançar R$ 158.920,56.

As perdas com a inflação estão descontadas nos cálculos da rentabilidade (em média, de 8% ao ano), que oscila conforme as variações de mercado. As hipóteses financeiras apresentadas pela seguradora são meras estimativas, e não uma garantia ou obrigação.

Sandro Bonfim, da Brasilprev, afirma que 73,7% dos clientes da instituição, em todo o Brasil, têm até 50 anos de idade. “Na região Sudeste não é muito diferente; 70,1% da nossa carteira são representadas pelo público de até 50 anos de idade”, diz.

Nas simulações da Bradesco Seguros, uma mulher de 30 anos que começar o aporte mensal de R$ 300,00 em um plano de previdência privada, conseguirá um retorno por mês (e vitalício) de R$ 855,97, e um valor acumulado de R$ 206.254,19. Para o homem de mesma idade que começar um investimento de R$ 500,00, o benefício mensal vitalício chega a R$ 2.367,77, com a reserva total atingindo R$ 451.430,77.

Nos dois casos, os cálculos da reserva total foram feitos considerando hipótese de juros real de 4% a.a., ou seja, livre da inflação. Já a renda mensal vitalícia foi calculada com base na taxa de juros de 2,5% a.a.

Planos

Quem pretende iniciar um investimento em previdência privada pode optar por dois tipos de planos: PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). Eles se diferenciam pela tributação incidente sobre a aplicação e devem ser escolhidos de acordo com o perfil fiscal do investidor.

No caso do PGBL, é permitido deduzir até 12% da renda bruta anual tributável das contribuições, diminuindo, assim o valor do imposto a pagar ou aumentando a restituição. Este plano é mais indicado para quem faz a declaração de Imposto de Renda (IR) pelo formulário completo. Já o VGBL é recomendado para aqueles que desejam investir mais do que 12% de sua renda bruta anual tributável, e fazem a declaração de IR pelo formulário simplificado (que não permite deduções).

Durante o período de acumulação, tanto no caso do PGBL como do VGBL, a rentabilidade obtida não será tributada, o que permite a ambos a possibilidade de render mais do que os fundos de investimento tradicionais.

Regimes de tributação

Outro fator importante no momento de escolher o plano, segundo os especialistas, é a forma de tributação do IR, que é vinculada ao tempo de aplicação. Ela pode ser calculada pela tabela progressiva ou regressiva. A tabela progressiva é a mesma que determina a alíquota do IR sobre o salário, ou seja, cresce conforme o aumento da renda, e pode chegar a 27,5%.. Nesse caso, a alíquota de tributação sobre o plano de previdência é determinada pelo valor a ser resgatado ou transformado em renda.

Já na tabela regressiva, a tributação diminui com o tempo. Ou seja, quanto maior o período de investimento, menor será a tributação, com limite mínimo de 10%. Quanto maior for o prazo de acumulação ou quanto mais tempo for a permanência no plano, menor será a alíquota de imposto de renda na hora do resgate ou recebimento da renda.

Mas, atenção: se o PGBL oferece a vantagem do abatimento das contribuições na hora de encarar o leão do Imposto de Renda, no momento do saque a tributação é calculada sobre o valor total poupado. No caso do VGBL, que não permite o abatimento no IR, a tributação acontece apenas sobre os rendimentos.;

Por fim, muita atenção às taxas de administração cobradas pelos bancos. Em um quadro de inflação baixa, elas podem engolir uma parte importante de seu rendimento. (colaborou Caio Prates).

Tabelas de simulações por sexo e institução financeira

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