Captação da previdência privada cresce 60% em maio

Impulsionada pela renda fixa, a captação da previdência privada ganhou um ritmo forte de recuperação. Apenas em maio, o saldo líquido positivo alcançou R$ 3,7 bilhões, ou seja, um avanço de 60% sobre o resultado de abril, de R$ 2,31 bilhões, que, por sua vez, já representava um crescimento de 40% em relação ao período anterior. Já são quatro meses consecutivos de aceleração no fluxo de recursos destinados aos fundos que recebem aportes dos planos PGBLs e VGBLs, conforme mostra a pesquisa realizada pelas consultorias NetQuant e Towers Watson com 863 fundos de previdência aberta. As informações são do jornal Valor Econômico.

Após o recuo de R$ 257 milhões em janeiro, as carteiras do setor voltaram a registrar saldo positivo, de R$ 122 milhões, em fevereiro. No mês seguinte, a captação das carteiras de previdência privada deu um salto e voltou para a casa do bilhão, com entradas líquidas de R$ 1,65 bilhão. E esse ritmo não parou mais de aumentar.

Apesar de melhorar mês a mês, a captação ainda não retornou aos níveis do segundo semestre de 2012, quando chegou a ter um fluxo positivo de R$ 5,15 bilhões em dezembro. Segundo um relatório do Goldman Sachs, divulgado na sexta-feira passada, a desaceleração da economia "machucou" a primeira linha dos balanços das seguradoras e corretoras. "O crescimento orgânico desacelerou na maioria dos segmentos, visivelmente em produtos de previdência como VGBL e PGBL", avaliam os analistas.

O ciclo de aperto monetário, encerrado em maio pelo Banco Central, que levou os juros de volta aos patamares de 2011, combinado à volatilidade apresentada pela bolsa desde 2013, tem levado os investidores a concentrar cada vez mais os aportes nas opções mais conservadoras.

Em 24 meses, encerrados em maio, os fundos de renda fixa, que concentram 90% dos recursos do setor, tiveram um crescimento de quase R$ 100 bilhões em termos de patrimônio líquido. O resultado revela um avanço de 48% no período, de R$ 209 bilhões, há dois anos, para os atuais R$ 307 bilhões, segundo o levantamento da NetQuant e da Towers Watson.

Os multimercados também mostraram forte crescimento do patrimônio líquido em 24 meses, com avanço de 66% de maio de 2012 a maio de 2014, de R$ 8,1 bilhões para R$ 13,5 bilhões.

Enquanto isso, as categorias de fundos com renda variável perderam cerca de R$ 1 bilhão por ano de patrimônio líquido nos últimos 24 meses - e em 2014 o cenário se mantém. Entre maio de 2012 e maio deste ano, as carteiras com até 15% de participação em bolsa saíram de R$ 9,5 bilhões para R$ 7,5 bilhões. No mesmo período, os portfólios com até 30% de ações tiveram queda ainda maior, de R$ 9,5 bilhões para R$ 6,9 bilhões. E os fundos com maior parcela em renda variável, de até 49%, recuaram de um patrimônio líquido de R$ 8,4 bilhões para os atuais R$ 6,3 bilhões, conforme o levantamento das consultorias.

Em termos de rentabilidade, maio também marcou uma recuperação geral nos retornos. Os ganhos médios das categorias renda fixa e multimercados, de 0,87% e 1,11%, respectivamente, superaram os 0,86% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI), referencial de aplicações conservadoras.

As categorias com renda variável, embora tenham conseguido retornos positivos, ficaram abaixo do CDI. As carteiras de previdência privada com até 15% de participação em bolsa tiveram rentabilidade de 0,81% em maio. Aquelas com até 30%, ganharam 0,66% e os fundos com até 49% de ações tiveram rentabilidade média de 0,38% no período. Os resultados, no entanto, representam avanço em relação ao Índice Bovespa, que perdeu 0,75% no quinto mês do ano.
 



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