Captação em previdência complementar recua para R$ 5,3 bilhões

A captação líquida dos fundos de previdência complementar aberta atingiu R$ 5,347 bilhões no ano até o último dia 12 de maio. É um patamar considerado abaixo do esperado pelo mercado. No mesmo período do ano passado, a captação líquida superava R$ 10,4 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As informações são do jornal DCI.

Segundo Carlos Takahashi, presidente do BB DTVM, as mudanças nos padrões de contabilidade para os títulos públicos nas carteiras dos fundos assustou os investidores. "A marcação a mercado desses papéis provocou uma fuga de recursos. O investidor de varejo é muito sensível a esse tipo de variação, especialmente nas carteiras de previdência privada.", explica.

No entanto, Takahashi afirma que já há um movimento de recuperação nesse início de 2014. "Já estamos com uma captação líquida de R$ 2,5 bilhões. Acho que o investidor entendeu que aquele foi um ajuste e que no longo prazo ainda é vantajoso ter um plano de previdência. Nós até esperávamos que essa compreensão por parte do cliente demoraria mais".

Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente financeiro do Banco do Brasil, o cenário de juros também contribuiu para a fuga de recursos do Varejo. "O investidor começa a olhar para alternativas, como a poupança. Mas a tendência é que haja uma recuperação à medida que o cenário fique mais estável".

Dados do último balanço da BB DTVM indicavam o volume de recursos administrados de varejo e varejo alta renda somados recuaram de R$ 91,5 bilhões no primeiro trimestre de 2013 para R$ 81,4 bilhões no primeiro trimestre de 2014, uma queda de 11% na comparação anual.

Para o superintendente de investimentos da Brasilprev, Altair César de Jesus, desde a metade do ano de 2013 o mercado passou por um momento de volatilidade nos fundos de previdência em virtude de mudanças econômicas nacionais e globais. "Neste ano, ainda vivemos este reflexo, porém registramos uma melhora, principalmente nos fundos de renda fixa a partir do fechamento do primeiro quadrimestre", apontou Jesus.

O superintendente destacou que a Brasilprev permanece como líder em captação líquida desde 2008. "Analisando dados de abril de 2014 da Quantum Axis, a Brasilprev nos últimos 12 meses expandiu sua participação de mercado em captação líquida para 66%", argumentou Jesus.

Enquanto a líder Brasilprev observa uma melhora no cenário, outros participantes do mercado observam o cenário de captação deve melhorar após a euforia com a Copa do Mundo e as eleições presidenciais em outubro.

"Nossa captação foi abaixo do esperado no primeiro quadrimestre, mas foi superior ao ano passado. Ao mesmo tempo estamos sentindo o investidor um pouco mais acanhado, o ambiente para investimento em previdência só deve melhorar após essa euforia ", aponta a diretora de Previdência e Vida Resgatável da Mapfre, Maristela Gorayb.

"Para aquele investidor numa idade mais madura, que não quer a volatilidade de fundos Ima-B [com títulos públicos de inflação NTN-Bs] estamos trabalhando um produto de previdência em DI com ativos de curto prazo", contou Maristela Gorayb.

Já a diretora executiva da Vida Livre Seguros, Maísa Serra, apontou mais fatores para explicar a baixa captação em 2014 como o aumento do endividamento da população e concorrência com outros produtos financeiros.

"As pessoas param de depositar quando a rentabilidade está baixa ou quando financiam a casa própria e utilizam previdência como reserva emergencial. Elas também migram para outros produtos rentáveis no curto prazo. Mas isso não elimina a necessidade de serem previdentes", diz.



Vídeos

Apoiadores